Por Luciane Borrmann, Labjor/Unicamp
Você sabia que...
Um estudo da ictiofauna, ou seja, dos peixes que vivem num corpo d’água da Mata Santa Genebra foi feito entre 2017 e 2018 pela bióloga Christine Andreassi Ahlgrimm para o seu TCC de graduação da Universidade Paulista (UNIP). O trabalho Composição da ictiofauna de um curso d’água da A.R.I.E. Mata de Santa Genebra revelou a presença de peixes de três gêneros distintos: Caborja, da ordem Siluriformes (família Callichthyidae, gênero Callichthys); e da ordem Cyprinodontiformes (família Poeciliidae) outros dois gêneros Poecilia (Lebiste) e Phalloceros (Guaru).

Exemplares capturados na segunda coleta. a) Phalloceros sp.; b) Poecilia sp. (fêmea); c) Poecilia sp. (macho); d) Callichthys sp.; e) Poecilia sp. ; f) Phalloceros sp. Fotos: Christine A. Ahlgrimm

Covo feito de garrafa pet para coleta dos peixes. Foto: Christine A. Ahlgrimm
A pesquisa revela a importância de se estudar a ictiofauna de ambientes fluviais de pequeno porte como o da Mata Santa Genebra já que estudos envolvendo ambientes fluviais de tamanhos pequeno e médio são escassos, perdendo espaço para estudos que correspondem a rios e bacias de grande porte. A mesma situação ocorre com os estudos de peixes de pequeno porte (0 a 15 cm de comprimento) que habitam estes ecossistemas. Essas espécies correspondem a 50% da fauna destes ambientes, mas ainda assim são menos estudadas que as espécies de porte maior (acima de 15 cm de comprimento).
O vazamento de efluente doméstico, como ocorreu no local de estudo e que produziu uma alteração significativa no ambiente e na ictiofauna, mostra que impactos ambientais podem levar a perda de diversidade, consequência preocupante para o bioma Mata Atlântica, um dos mais ameaçados do país.
Foto de satélite da Mata Santa Genebra. Fonte: Guirão AC. (2010)
Levantamentos de fauna em Unidades de Conservação são importantes ferramentas para a avaliação da qualidade do ambiente e para a determinação de áreas prioritárias para conservação. Estes estudos também servem como base para a determinação de áreas para a formação de corredores ecológicos, uma vez que muitas UC’s, principalmente as que estão localizadas em ambientes urbanos, encontram-se praticamente isoladas de outros fragmentos florestais.
“Sendo a Mata de Santa Genebra o maior e, consequentemente, o mais importante fragmento florestal da região de Campinas, a perda de diversidade pode ser considerada de grande relevância, pois a Unidade abriga inúmeras espécies de fauna e flora que dependem deste remanescente para sua sobrevivência”, pondera Christine.