
No dia 24 de outubro, o biólogo da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), Thomaz Henrique Barrella, e o observador de aves e parceiro da Fundação, José Dionísio Bertuzzo, registraram pela primeira vez na Mata de Santa Genebra o Acauã (Herpetotheres cachinnans), uma espécie de falcão, elevando para 249 o total de espécies de aves registradas na unidade de conservação.
Conhecido também como cauã, macauã ou gavião-coveiro, o Acauã é uma ave de rapina da família Falconidae, amplamente distribuída nas Américas — do México à Argentina — e comum em diversas regiões do Brasil.
A espécie se destaca pela dieta especializada, sendo um predador eficiente de serpentes. Suas pernas e dedos são recobertos por escamas resistentes, que oferecem proteção contra picadas. O Acauã também pode se alimentar de lagartos, morcegos e até de parasitas do gado, demonstrando versatilidade em seu comportamento alimentar.
Com 45 a 56 centímetros de comprimento, o Acauã possui porte robusto e cabeça arredondada, lembrando uma coruja. A plumagem é predominantemente branco-creme, contrastando com o dorso marrom-escuro e uma máscara negra que se estende dos olhos até a nuca, conferindo-lhe aparência marcante.
Entre suas características mais notáveis está o canto peculiar, semelhante a uma gargalhada alta e repetitiva, que pode ser ouvida por vários minutos. O nome “Acauã” tem origem no tupi, inspirado nesse som característico.
O canto do Acauã é tema de diversas histórias da cultura brasileira. Em algumas regiões, é considerado presságio de mau agouro, associado à seca ou à morte. Entre povos indígenas, era conhecido como uira jeropari, termo que significa “demônio”.
Apesar das crenças populares, o Acauã desempenha um importante papel ecológico no controle de populações de serpentes, contribuindo para o equilíbrio ambiental dos ecossistemas onde ocorre. O novo registro reforça a riqueza da biodiversidade da Mata de Santa Genebra e a relevância da unidade de conservação para a proteção da fauna silvestre.